terça-feira, 1 de junho de 2010

Entrando no assunto...

Foto do regioes.blogspot.com
Após meses de intensa pesquisa, avaliando o melhor trecho, quais cidades visitariamos dessa vez, reunindo mapas e dicas de outros viajantes, finalmente, definimos o roteiro de nossas ferias 2010: partiriamos de Recife para Lisboa, pegariamos um outro voo para Milao e, de la, seguiriamos para Atenas, onde passariamos cinco dias de curtiçao, primeiro na capital grega, depois por algumas ilhas. Em seguida, voltariamos para Italia, onde conheceriamos a encatandora e romantica Florença, depois seguiriamos com um casal de amigos (Umberto e Rogeria) de carro por algumas cidades da Provença, finalizando nossos ultimos dias em Iseo para um merecido descanso antes de retomarmos nossa vidinha em Joao Pessoa. Ufa!!! Tudo isso aconteceria entre 16/04 e 05/05/2010. Só que a natureza resolveu mandar mais um recado, “pesado” conforme anunciou a imprensa, exatamente no período de nossas tão sonhadas férias. Vou contar aqui como tudo isso aconteceu. Bem, chegamos em Lisboa no dia 17/04/2010, e, ao desembarcarmos na capital portuguesa, tomamos conhecimento de que a nuvem de cinzas lançada por um vulcao localizado na Islandia havia causado o cancelamento de, pelo menos, 17 mil voos e o fechamento de diversos aeroportos, nao apenas no norte do continente europeu, como pensavamos antes de iniciarmos nossa viagem. Lisboa havia cancelado diversos voos e o aeroporto de Milao tambem estava fechado. Tudo bem que vulcao é vulcao e nao tem como precisar o minuto exato que ele resolve entrar em atividade, mas nao tinha outra hora para Eyjafjallajokull cuspir essas cinzas? Buscando informações pela internet, soubemos que a proibiçao se deveu aos possiveis efeitos das cinzas lançadas pelo vulcao sobre as turbinas, que poderiam parar de funcionar em pleno voo. Atordoados e cansados devido ao fuso horario e a noite mal dormida dentro de um aviao, cujas cadeiras nao propiciam aos passageiros o minimo conforto nas viagens noturnas, deparamos-nos com um cenario desolador para quem esta começando suas ferias: gente dormindo por cima das bagagens, filas imensas de pessoas em busca de informaçoes apos o cancelamento de seus voos e outras tantas esperando confirmaçoes de voos que nao chegariam tao cedo. Nós faziamos parte desse segundo grupo, já que as poucas informações que obtivemos de funcionários - tão perdidos quanto nós - sobre nosso vôo dava conta de que ele estava apenas suspenso e que havia a possibilidade de o aeroporto de Milão reabrir no fim daquele dia. Esperamos em vão que Malpensa reabrisse. Nosso vôo foi cancelado como tantos outros já haviam sido... Começamos, então, a pensar no que faríamos dali em diante. A primeira providência a ser tomada era pegar nossas bagagens para, em seguida, entrar na fila dos que queriam sair de Lisboa de qualquer jeito, pois os hotéis da cidade estavam lotados. Começamos, então, a pesar as alternativas que se apresentavam para nós naquele momento: voaríamos para Espanha (o aeroporto de Barcelona estava operando), e de lá, tentaríamos pegar outro para Atenas, onde ficaríamos cinco dias na esperança de que o vulcão parasse de curpir cinzas e tudo se resolvesse. Até aí as imagens do Mar Mediterraneo e da Acrópole ainda não tinham contornos de miragem para mim... Caso nao conseguíssemos um vôo de Barcelona para Atenas, uma outra opção seria ficarmos por lá, conhecendo cidades próximas, o que seria uma excelente idéia porque ainda não conheço a Espanha - pretendo reparar isso nas próximas férias. Acontece que todos esses planos se transformaram em cinzas de vulcão quando recebemos a notícia de que minha bagagem havia sido extraviada. Isso mesmo que vocês leram. Além de tudo, estava sem mala! Confesso haver sido tomada pelo desejo (quase irrefreável) de voltar para casa imediatamente. Pensei no aconchego de minha casa e na felicidade com que seria recebida por minhas filhas. Em contrapartida, nossos planos, os preparativos, as imagens das cidades escolhidas a dedo , tudo passou como um filme pela minha cabeça, levando-me a decidir pagar pra ver. Imediatamente, nossas duas opções foram reduzidas para apenas uma: deveríamos chegar em Milao de qualquer jeito, agora, para prestar queixa do extravio de minha bagagem porque esse procedimento só (e somente só) poderia ser feito no aeroporto de Malpensa. Entramos numa fila quilométrica para saber quais aeroportos ainda estavam operando, quando fomos surpreendidos por uma funcionária andando por entre a fila, anunciando a partida de um vôo com destino a Roma. A cena era, no mínimo, inusitada. Por um instante me vi no Janga (onde residi alguns anos), no tempo em que transporte alternativo havia se tornado uma "praga" naquela região e os “kombeiros” anunciavam seu destino gritando: Conjunto Praia-do-Janga-Engenho Maranguape-Pau Amarelo!!! Gente, aconteceu do mesmo jeito em Lisboa! A funcionária circulava entre a enorme fila, perguntando (aos berros) "quem quer embarcar no voo que está saindo para Roma dentro de alguns minutos. Favor dirigir-se ao outro guiche para retirar o bilhete”. Não tivemos tempo de pensar, tomamos a decisão fazendo uma rápida associaçao: Roma fica na Itália e Milão também)! Corremos para o guichê apontado pela funcionária. Sem qualquer dificuldade ou custo, trocamos nosso bilhete de Milão (cujo aeroporto não iria reabrir mais naquele dia) para Roma. Poucas horas nos separavam do nosso novo destino, tempo suficiente para pensarmos no que faríamos quando chegássemos em Roma. Decidimos ir direto para estaçao de trem para comprar bilhetes com destino a Milão. Chegando ao aeroporto de Roma, reencontramos quatro brasileiros com os quais havíamos trocado algumas idéias em Lisboa (Sérgio-Recife, Pablo-Fortaleza, Amauri e Marilia-Salvador) e decidimos ficar juntos até chegarmos em Milão. Assim, despesas não programadas (como aluguel de um carro, por exemplo), não pesariam tanto no bolso quando divididas por seis pessoas. Do aeroporto, seguimos de taxi direto para a estação de trem de Roma, certos de que conseguiríamos embarcar no primeiro trem que saisse para Milão áquela noite. O cenário na estação era o mesmo que vimos no aeroporto de Lisboa: gente por todo o lado, filas quilométricas e inúmeras pessoas sem saber o que fazer. Vagas nos hotéis tambem não existiam. Todos estavam lotados! Para o nosso desespero, não tinha vaga em nenhum trem com destino a Milao até às 18:00 hs do dia seguinte (18/04/2010)! Ainda bem que seis cabeças pensam mais e melhor que duas e logo, alguém sugeriu contratarmos um taxi para nos levar a Milão naquele exato momento. Já passava da meia-noite e nós estavamos exaustos. Conversa daqui, pechincha dali, enfim, convencemos um motorista de taxi a nos levar para Milão. Só que o “maledeto” nos cobrou mil euros para fazer esse percurso! Isso mesmo: 1.000 euros! Mesmo dividindo esse valor por 6 pessoas, ainda assim era caro demais para quem não havia progrado ter essa despesa logo no início da viagem. Não tínhamos alternativa. Ficar na estação de trem até às 18:00 hs do dia seguinte, nem pensar! Pouco depois da meia-noite, nós (eu, Helio, Sergio, Pablo, Amauri e Marilia) começamos nossa viagem na splinter de Miro e Rosana rumo a Milão. Fizemos apenas uma exigência a Miro: pedimos para ele parar em todo autogrill que ele visse na auto estrada porque pretendíamos fazer uma farra grande, afinal, depois de tanto sofrimento, estavamos felizes porque, enfim, chegaríamos ao nosso destino! E foi assim durante toda a madrugada, Miro parou em todo auto grill que ele encontrou pela frente para comprarmos vinho e petiscos, e, as sete horas de viagem foram marcadas por muita risada, piada, cantoria e brincadeira. Todos beberam, menos eu. Eu só pensava em chegar a Milão sóbria o suficiente para resolver o problema de minha bagagem. Às 07:00 do dia 18/04/2010, Miro começou a deixar nossos novos amigos em seus respectivos hoteis e nós seguimos para o aeroporto de de Milão Malpensa. Encontramos o aeroporto deserto. Por um momento, tive a sensação de estarmos dentro de um daqueles filmes catástrofes, sabe? Aqueles em que as pessoas andam por lugares (que normalmente são entupidos de gente), mas não cruzam com ninguem pela frente. Fomos informados o local onde deveríamos denunciar o desaparecimento de minha mala e saimos de lá com um papel contendo um número, cujo desdobramento deveria ser acompanhado pela internet. Alguns desavisados (recém chegados de Marte, talvez), ainda se arriscaram e apareceram por lá de mala e cuia com esperança de embarcar, mas logo foram comunicados de que o aeroporto estava literalmente fechado e que eles deveriam acompanhar o noticíario. Com sorte, conseguimos prestar queixa sobre o desaparecimento de minha bagagem e ficamos aguardando ansiosos pela chegada de minha cunhada que, Graças a Deus, nao demorou muito e nos resgatou daquele pesadelo.
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